segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Pêssegos em compota

Entre setembro e novembro tem pêssego para compota. Minha mãe sempre tinha um pote com compota de pêssego no final do ano, feita com as frutas colhidas no sítio de Fartura. Por sorte, logo descobri um pé na praça aqui perto de casa e todo ano tenho uma pequena colheita, quando não chegam antes de mim. Porque no mercado a gente não encontra pra comprar. Agora, finalmente, terei minha própria safra, ainda que pequena por enquanto. 

A pequena árvore foi presente do amigo Celso Fioravante que, como eu, vai enfiando na terra as sementes das frutas que come. No caso dele, na varanda do apartamento no centro de São Paulo. Às vezes o espaço está tão cheio, tão verde e com plantas tão altas,  que mal se percebe que aquilo está à altura de décimo quinto andar. Como o pessegueiro já estava ali sofrendo, ele me deu pra plantar no sítio em Piracaia. Assim que plantei,  um único pesseguinho amadureceu e eu comi. Era delicioso maduro - foto aí embaixo, e foi pouco. 

Neste ano, a produção foi um pouco maior. Poderia ter deixado no pé para amadurecer mais, porém, quando estive lá, há 10 dias, resolvi colher todos para fazer compota já que as formigas haviam acabado com as folhas, deixando o pé pelado, só com as frutas expostas. E se formigas comem até fruto da lobeira que é ruim pra caramba, imaginei que aqueles pêssegos aveludados, coloridos, doces e suculentos seriam as próximas iguarias que elas estavam reservando para a sobremesa. E tão chamativos assim, também seriam banquete para os pássaros. Pois fui mais esperta e trouxe todos comigo. Viraram compota -  pouca,  mas compota. Como aprendi com minha mãe, não se põe nem cravo nem canela neste doce em que o próprio pêssego e seu caroço - tem que ficar com o caroço -, são os aromatizantes perfeitos para a calda. Qualquer outra adição confunde. 

Tem um ano que ganhei
 
As formigas atacaram

O único colhido no ano passado nesta época 

A colheita 
A compota 
A receita da compota está aqui : 
http://come-se.blogspot.com.br/2010/10/um-pessegueiro-na-praca-uma-compota-de.html
Ou aqui:  http://come-se.blogspot.com.br/2007/11/verdes-em-fartura-ou-compota-de-pssegos.html

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Abobrinha abobrinhona

Abobrinha italiana de várias idades: só pra quem planta
Abobrinha,  a gente só conhece verde, tenra, crocante. Nunca vimos uma abobrinha italiana madura. Mas todo fruto verdadeiro uma hora há de amadurecer e dar frutos. Ou volta pra fertilizar a terra e isto também é um bom papel.  Por isto, estou deixando algumas abobrinhas no pé para ter minhas próprias sementes. Mas uma experiência inédita pra mim foi provar uma abobrinha não tão jovem, porém ainda não velha de madura. A polpa ainda é úmida e crocante, mas o miolo já começa a ficar esponjoso. Porém neste cerne está guardado um ingrediente incrível que pouca gente conhece: as sementes imaturas mas já mastigáveis. São deliciosas, quebradiças, macias crocantes, adocicadas É a versão vegetal do siri mole, que a gente come sem culpas. 

A abobrinha tinha mais de um quilo. Escavei a polpa, piquei e juntei a um refogado de carne moída. Tudo voltou para o meio da abobrinha que foi ao forno. Eu deveria ter cozinhado antes a abobrinha no vapor, mas não o fiz e o queijo usado para espalhar por cima começou a queimar antes que a polpa estivesse macia. Ou deveria ter colocado o recheio cru e deixado mais tempo no forno. Ou deveria ter cobrido com papel alumínio. Mas vou preferir o vapor prévio da próxima vez.  Mas ainda assim estava deliciosa. 

Bem, a abobrinhona foi um ingrediente com o qual nunca tinha tido intimidade. Quanto às pequenas e aquelas ainda em flor, não resta dúvida que são tenras, suculentas, adocicadas, cheias de vida pela frente. Mas a maturidade, neste e em vários outros casos, tem lá também seus encantos, ainda que seja pelas sementes descendentes (eu, particularmente acho minha filha Ananda a coisa mais linda deste mundo). 


quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Lindos terrariuns da Juliana

Terrarium. Foto: Juliana Valentini 
É amanhã o lançamento da linha Bothanica Bonita, na loja da Maria Bonita. Durante toda a tarde você poderá apreciar (e comprar se se interessar) os terrariuns feitos pela Carol Costa e pela amiga Juliana Valentini (veja este e aquele  post a respeito, no blog dela, "De verde casa". É sensacional). E conversar com as moças. Eu não perco.   

Mais dados sobre a exposição, no blog da Juliana:  http://www.deverdecasa.com/2013/09/lancamento-da-linha-de-terrariums-venha.html

Spätzle de ora-pro-nobis, cem por cento vegetal

Outro dia falei num post sobre um spatzle vegano que fiz para o Henrique, que faz aikido com o Marcos.  Improvisei na hora, substituindo o ovo, que deixa os nhoquinhos mais macios, por 50 g de inhame cru, que tem mucilagem parecida com a clara de ovo. Usei ainda, para dar sabor, mandioquinha cozida. Ficou bem gostoso e não deu pra sentir a falta do ingrediente animal. Bati tudo no liquidificador antes de juntar a farinha de trigo.

A leitora Flavia é vegana e me me pediu nesta semana a receita.  Não uso mais fórmula certa pra fazer spatzle, de tanto que faço. Mas tenho uma regra básica. Coloco um ovo (ou, desde o spatzle vegano, 50 g de inhame/ taro e acho que funciona bem com cará também) numa xícara de 240 ou 250 ml. Encho a xícara com água e bata no liquidificador. Se quiser, antes da água, junte um pouco de algum vegetal cozido. Aí é só passar para uma tigela, juntar sal, noz moscada se quiser, e farinha até a massa ficar bem grudenta. Quando vou usar legumes ou folhas, e quase sempre uso, coloco na xícara, antes do ovo - no máximo meia xícara, bem apertado. Pode ser abóbora, cenoura, beterraba, mandioquinha, batata, mandioca, taioba, trapoeraba, folhas de cenoura, ora-pro-nobis, folhas de batata-doce, espinafre etc. Sempre cozidos e espremidos.  Coloco por cima um ovo e completo a xícara com água. Bato no liquidificador e procedo como o outro, adicionando farinha e tempero na tigela. Não tem erro.

Desta vez, para fazer o vegano, resolvi usar outro ingrediente também mucilaginoso, a ora-pro-nobis, aproveitando o momento em que ela desponta no meu quintal em brotos avermelhados lindos. Cozinhei algumas folhas em água fervente por cerca de 1 minuto, escorri, coloquei na xícara até a altura de 1/4 do seu volume (poderia ser mais, mas não quis arriscar porque estavam muito avermelhadas as folhas que tinha aqui e eu queria um spatzle verde). Completei com água e bati no liquidificador. Passei para uma tigela, temperei com sal - 1 colher (chá) rasa -, e uma pitada de noz moscada. Juntei farinha e fui mexendo até que a massa ficasse bem liguenta. Usei 200 g de farinha - mas pode variar dependendo de quanto de ora-pro-nobis quiser usar. Para saber o ponto, pingue um pouco da massa na água fervente. Se o nhoquinho subir à superfície e estiver com consistência firme, está bom. Se a massa está mole demais, os nhoquinhos poderão ficar muito molengos. Esta quantidade, feita com uma xícara de água com legumes ou só água e ovo, rende mais ou menos duas porções. Até três dependendo do molho ou do acompanhamento.

Ora-pro-nobis cozido por um minuto

Se não tiver ou não quiser sujar liquidificador, é só picar finamente
A massa fica densa assim
Tem que cozinhar em bastante água fervente

Com uma escumadeira, tire os nhoques à medida em que sobem à superfície
Cozinhe em água quente, usando o instrumento próprio para fazer spatzler. É só ir pingando. Quando os nhoquinhos subirem à superfície, tire com uma escumadeira. Se você não tem este instrumento de fazer spatzle, pode comprar aqui ou ali. E se não está a fim de gastar, improvise um como mostro nestes dois posts: um tosco feito por mim e outro feito a partir de uma frigideira pelo Marcos, super bem acabado. Ambos podem ser feitos sem gastar dinheiro.  Já estou pensando em outro modelo feito com lata de goiabada...

Para o molho, pode ser qualquer um vegano, como um simples molho de tomate.  Refogue alho picadinho em um pouco de azeite. Junte 2 tomates grandes e bem maduros picados, tempere com sal e orégano e deixe cozinhar até apurar. Acrescente bastante manjericão fresco, desligue o fogo, coloque sobre os inhoquinhos e nhoc, digo nhac.

Mas o que fiz foi refogar uma cebola fatiada em um pouco de azeite até que começasse a dourar. Juntei  pedaços de pimenta dedo-de-moça sem sementes, umas folhinhas de ora-pro-nobis e outras de manjericão. Chacoalhei a frigideira, joguei aí os nhac, digo inhoques, e nhac.

O do meio, com ovo. Os outros dois, veganos (um de ora-pro-nobis e
o outro de inhame com farinha integral)
Fiz ainda outras experiências.  Preparei uma receita de spatzle comum - ovo, água e farinha -, para comparar a textura e sabor. O vegano de ora-pro-nobis não perde em nada.  Quis repetir a experiência com o inhame, mas notei que não tinha farinha branca. Usei 50 g de inhame, água para completar uma xícara, e farinha integral. Na hora ficou bem gostoso. E resistiu bem a um reaquecimento em água fervente. Só na outra vez que fui reaquecer - hoje, para fotografar com molho -, é que ele começou a ficar molengo demais. O de ora-pro-nobis e farinha branca aguentou bem os dois reaquecimentos.

Aqui, o integral reaquecido em água fervente

O integral reaquecido mais uma vez, com molho de tomate - não resistiu
Então, você pode fazer estes nhoquinhos antes, deixar num recipiente tampado e quando for comer, basta jogá-los em bastante água fervente. Joga, solta os nhoquinhos e escorre imediatamente para que ele não cozinhe demais e comece a se desmanchar. Deve durar uns três dias na geladeira. Acho tão fácil prepará-los, que prefiro fazer na hora.

Como não sou vegetariana, misturei os três, cobri com molho de linguiça
e nhoc! 



quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Uma homenagem da Nina Horta à coluna Nhac. Ou Ilha Deserta



“A poesia está guardada nas palavras – é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado.
Sou fraco para elogios.”

Tratado geral das grandezas do ínfimo, Manoel de Barros

Não, ninguém me tratou de imbecil. Sobre minha própria insignificância, sei e reconheço (ou não estaria aqui expondo vaidades). Mas me reconheço na fraqueza para elogios. Só sei que ser citada por uma mestra da escrita e da vida, uma ídola desde e para sempre, é uma homenagem que nunca saberei agradecer.  A Nina é colunista da Folha, assim como sou do Estadão, mas nossa amizade não tem barreiras gráficas e editoriais. E fico feliz quando um jornal age assim com sabedoria - para quem não sabe o nome da minha coluna no Estadão é Nhac. Obrigada à Nina e parabéns à Folha. 
Vá lá ao blog da Nina e saiba que passará ali boas horas de deliciosa leitura: 
http://ninahorta.blogfolha.uol.com.br/

Mas, e você, o que levaria para  uma ilha deserta? - eu já estive numa praia deserta e sei que ali não morreria de fome.

O texto está copiado aqui: 

Ilha Deserta 

De Nina Horta 

"Que comida você levaria para uma ilha deserta? A pergunta não é séria. Não vale responder calculando os prováveis dias sem salvamento ou as correntezas que levariam rapidamente as garrafas com pedidos de socorro. Ficção, ficção.
Não tem geladeira, mas pode levar sorvete, pois na ficção as coisas acontecem diferentemente do mundo real, daí a graça.
E não vale levar ninguém para cozinhar para você, porque se fosse assim todos escolheríamos logo a minha amiga Neide Rigo, que reconhece todos os matinhos e plantas e os cozinha. E nhac! A ilha ficaria totalmente deserta, não só de almas como de fauna e flora com a presença dela. Não sei não, talvez a cada matinho que comêssemos ela plantasse outro pra que isso não acontecesse.
Água de coco não iria precisar, que bom, água de coco é a frescura mais fresca que existe, e a melhor coisa é a polpa do coco verde. E sabem que existe doce daquilo? Uma vez, um bendito leitor me trouxe um pote de Recife.
Bom, eu levaria jabuticabas que é a comida de que mais gosto.
Na realidade, sentiria mais falta de pão com manteiga, é claro, mas calculadas as dificuldades de resgate por um pequeno bote ou helicóptero, prefiro estar mais magra. Vão as jabuticabas, mesmo.
A maioria de nós brasileiros não passaria sem arroz e feijão, sem café, sem Coca-Cola, sem farinha, sem biju, sem açaí, sem tacacá, ou um viradinho…  Na verdade, os problemas da ilha não são tão rasos assim, há muita vã filosofia na ilha deserta, no arco, na flecha, na solidão, na falta do outro, no diálogo, no mestre, no horizonte, no amor ao amigo quando sexta-feira aparece. E o papo no cafezinho.
E há a infindável estultícia se alguém não nos dá a mão. A impossibilidade de inventar um fósforo ou raspar dois pauzinhos para o fogo, e teríamos que passar a vida comendo do bufê frio. Agarrar peixes com as mãos, se lançar sobre eles de barriga, nada adianta, são escorregadios demais, há sempre que reinventar o anzol, acho ilha deserta uma coisa trabalhosíssima e nem vejo desafio em estar numa delas, por mais linda que seja, sem a Amazon, então…
A dificuldade maior é que até as melhores coisas se tornam um tédio, ilha deserta, então, pode dar uma depressão sem fim, sem um mínimo remedinho à vista, e os muito hábeis inventariam um placebo feito de areia e concha, nem de longe parecido com aqueles que viciam. Outros urrariam sobre as pedras, muito loucos, com frio e fome.
Alguns levariam bananas, mas qual delas? Maçã, nanica ou prata? Ouro, bananinha ouro.
Já repararam que nessas ilhas, as pessoas que lá arribam, como Robinson Crusoé e tantas outras, começam logo a imitar a civilização, e o perigo é que antes que nos salvem já estejamos na barraquinha de sapé, com mesa de quatro pernas, vela, trançado de bambu, comendo de colher, vestidos de pareô? Uma falta de criatividade, tínhamos mais é que inventar um mundo novo, novíssimo, para evitar os perrengues que sofremos aqui.
É, mas para nosso alívio, e para nos livrarmos do pesadelo da ilha, sempre se pode tomar um táxi."

É hora de amora

Estas, ganhei do caseiro e viraram geleia, da qual nem consegui tirar foto pois Marcos comeu um vidro inteiro no pão e o outro, dei para quem me deu as frutas.  Já dei receita aqui quando falei da amora, mas se muito blog de por aí já copiou a foto sem crédito, já cortou, botou marca d´água etc, e como tem gente que não clica links, cometo aqui o auto-plágio, e repito a receita lá embaixo.   

Tem anos que amoras vêm antes da pitanga. Aliás, costumava ser assim. Neste ano, chegaram quase juntas: pitangas, amoras e cerejas do rio grande. E logo, logo, grumixamas. Cabeludinhas lá do sitio também apareceram nesta época. Mas da pequena árvore falo depois, porque teve um passado triste de planta carente, abandonada, negligenciada, colocada em situação de risco. E agora já dá frutos.

Estas poucas já são do meu sitio, de uma pequena planta. Aqui, junto com
araçá branco, araçá vermelho e cabeludinhas - as amarelas
Gosto de tirar os cabinhos. A geleia fica mais delicada e frutosa

A luz engana. Costuma ficar mais escura (copicolador, observe o fato)

Geleia de amora: lave bem as frutas e corte fora os talinhos com uma tesoura (não sei porque todo mundo reclama quando peço isto). Meça em xícaras e use a metade do volume em açúcar. Para fazer um vidro pequeno usei 2 xícaras de amora e 1 de açúcar. Antes de colocar os dois ingredientes no liquidificador, reserve um pouco das amoras inteiras. Triture grosseiramente as amoras com o açúcar e um pouco de água - numa quantidade apenas suficiente para facilitar o trabalho do aparelho. Se quiser, bata já na panela com uma mixer. Leve a panela com a mistura batida e as frutas inteiras ao fogo e cozinhe, mexendo de vez em quando, até conseguir um doce cremoso. Coloque ainda quente num vidro aferventado, escorrido e também quente. Feche bem e deixe esfriar. Guarde na geladeira e use para passar no pão ou como complemento de sobremesas - sobre um pedaço de bolo, torta de queijo ou pudim, diluída num pouco de suco de laranja para virar calda de sorvete, ingrediente para iogurte batido etc. Ou para fazer molho para salada. Se fizer em quantidade maior e quiser conservar por mais tempo, tem que esterilizar. 

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Casinhas no Vale do Jequitinhonha



Para quem ainda não viu este vídeo da Renata Meireles e do David Reeks, educadora e documentarista, marido e mulher que andam Brasil afora pesquisando brincadeiras, recomendo. Veja também outros vídeos do Projeto Território do Brincar. Se você está ligado ao Come-se por causa de comida, tem boas chances de ter boas recordações das brincadeiras com fogo e faca, com bandejas de cafezinho de mentira, banquetes de faz de conta, bolo brigadeiro de barro e cabaninhas de lençol. Estas imagens traz de volta tempos em que a gente se arriscava mais sem medo de se machucar. Eu, por exemplo, fazia comidinha de verdade num terreno baldio com crianças da vizinhança. Roubava um pouco de arroz da minha mãe e cozinhava em lata de marmelada apoiada sobre dois tijolos contendo a lenha. Um trazia papel, outro o fósforo, assoprávamos e fazíamos fogo. Era a maior alegria quando víamos a água ferver e depois comer o arroz meio cru temperado com restos de papel queimado.  E uma vez, inspirada na casa de madeira dos meus avós na roça e aproveitando a ausência de adultos, fiz um barraquinho no fundo do meu quintal com madeira da rua. Bati prego, fiz porta, janela, coloquei cortina. Varri o chão de terra, coloquei uns caquinhos imitando louça, decorei com toalhinha de crochê e botei uma boneca pra dormir. A sensação de independência durou pouco. Minha mãe achou aquela maloca perigosa demais e botou tudo abaixo para tristeza da irmandade. Mas veja lá o vídeo. É lindo.

Caldo de cana na limonada

Tomar caldo de cana com limão, abacaxi, caju etc é uma delícia, tomo sempre na feira, mas sempre sofro com o excesso de açúcar, mesmo que tenha bastante gelo e fruta. Cai a pressão, fico mole, quase bêbada. Não consigo tomar mais que um copo pequeno. Mas agora aprendi a inverter os liquidos. O caldo deve ir sempre em menor quantidade e ainda ficará doce. Foi assim quando ganhei do caseiro dois litros de garapa. Já estava meio oxidada, mas ainda deliciosa e super doce. Como estava fazendo limoneide com o limão rosa que ele trouxe também - com o suco e algumas rodelas com casca - , substituí o açúcar por um pouco de caldo de cana - algo como 1 xícara de caldo  para 3 de água. E ainda gelo. Deu super certo, ficou na doçura que eu gosto. Perfumada, doce, gostosa, refrescante. O que restou, apurei no fogo até a consistência de um xarope, tirando sempre a espuma, e guardei como melado para adoçar outras limonadas. E glupt.


Alface vermelha orgânica dura mais

As sementes desta alface vermelha, que foi cultivada na terra sem nenhum aditivo comprado,  ganhei de alguém amigo ou leitor, mas não sou mais capaz de lembrar.  E agradeço muito.  O fato é que cresceram lindamente e agora restam alguns pés para flor e sementes. Estas folhas da foto ficaram na geladeira, em saco plástico, por quase duas semanas antes da pose. Foi só submergi-las em água fria e ficaram como novinhas em folhas. Deliciosas e  crocantes.  E sobretudo, lindas. 







Tudo brota na Primavera


segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Cenas de primavera em Piracaia


Salada mandada da sobrinha Tarsila. Foto: Carol Leone 
O fim de semana teve sol e chuva, silêncio e barulho, mas sobretudo comida e muita prosa. Festejamos a primavera em Piracaia com a casa cheia de gente. Amigos, irmãs, sobrinhas, cunhado, caseiro Carlos, caseira Silvana, mãe da caseira, dona Dita, gatos, cachorros, passarinhada e folhinhas sopradas de passagem por um vento primaveril que anunciava chuva e incentivava o fogo da lenha. 

Descobri finalmente uma boa comida para se fazer quando há muita gente, você tem pouco espaço para trabalhar e ainda quer tempo para ficar com as pessoas. O molho de tomate com linguiça fresca, que compro ali mesmo em Piracaia, posso deixar pronto e só aquecer na hora. E os spätzles, posso deixar a massa pronta também, mas uma boa ideia é deixar os legumes cozidos e misturar tudo na hora - isto pode despertar o interesse de quem não sabe fazer esta massa super prática e versátil - e se encanta com a simplicidade.  Foi o que fiz. E se você não sabe fazer spätzle nem tem o instrumento certo, veja aqui uma alternativa.  E o gostoso é cozinhar ao ar livre. Vai tirando da água à medida em que os nhoquinhos sobem e já monta os pratos com o molho. Fiz desta vez com cenouras colhidas na horta e folhas de batata doce fresquinhas também colhidas no sítio. A intensão era fazer com espinafre, já que tinha um canteirinho cheio, mas as formigas chegaram antes. E quer saber de uma coisa?, até prefiro folhas de batata doce porque são mais fáceis de lavar.  Cozinhei as duas coisas no dia anterior -  folhas e cenouras. Outra coisa que preparei foram aquelas tortillas. Fiz a nixtamalização ainda aqui em São Paulo e levei o milho já cozido. No sábado Marcos passou dois quilos de milho cozido pela máquina de moer cereais e no domingo foi só envolver todo mundo no feitio das bolinhas que depois eram prensadas e assadas na chapa sobre o fogão de lenha que foi posto ao ar livre - o mesmo usado para fazer, depois, os spätzles. Foi uma verdadeira linha de produção, com alternância de turnos.  Comemos com recheio de carne moída e feijão com muita pimenta. Tarsila, minha sobrinha, colheu verduras e pepino e montou um salada mandala enfeitada com flores do jardim - capuchinha e begônia, para comemorar a primavera junto com a outra sobrinha, Flora, que ajudou a cobrir o bolo com frutinhas vermelhas colhidas aqui no meu bairro (amora, cereja do rio grande e pitanga) e ali em Piracaia (framboesa da montanha). Sonia ainda colocou no meio uma maçã do amor trazida pela Flora de uma festa do dia anterior. E assim passamos o domingo, colhendo, cozinhando, comendo, bebendo,  lavando, cozinhando, comendo, bebendo, lavando, cozinhando, conversando, rindo, comendo... Para terminar bem o domingo, uma chuva grossa ao anoitecer lavou a poeira e deixou tudo limpo para a próxima farra. 

Aqui, mais umas fotos da Carol Leone que fez sem ninguém notar.  Se não fosse ela, nenhum registro do momento. 

 





sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Oficina no Sesc Itaquera na semana que vem. Tinha uma horta aqui


jardinagem crop

Tinha uma horta aqui: do jacatupé ao jiquiri

Dente-de-leão, taioba, beldroegas, capiçoba, serralha. Já escutou esses nomes? 
Nesta palestra, a nutricionista Neide Rigo convida o público a conhecer ou 
rememorar ervas, tubérculos e raízes incomuns nas hortas dos dias atuais, mas 
presentes em espaços cultivados no passado.

Local: Café Aricanduva.

FESTIVAL LUGARES DA MEMÓRIA 
Sexta-feira, dia 27 de setembro, 10h30. 
Grátis para matriculados 
Outros: consulte valores de acesso à unidade  

SESC Itaquera 

Revelando São Paulo 2013 termina no domingo

O Revelando São Paulo 2013 vai até este próximo domingo, no Parque do Trote, na vila Guilherme. Eu vou todo ano e muitas coisas se repetem. Ainda assim sempre é possível um novo olhar mesmo sobre as comidas, os artesanatos e as gentes que estiveram sempre ali. E, claro, sobre o que é novo mesmo, uma comida, um gesto, uma cena. O que vai se vê ali é um retrato do mundo caipira do interior de São Paulo, mas aparecem também as várias tribos que habitam o Estado. Portugueses, palestinos, quilombolas, índios, ciganos. Acho que anda faltando um boa curadoria à feira que às vezes está mais empenhada em vender que mostrar o universo cultural envolvido com o produto, pelo menos na área de culinária, mas ainda vale a visita nem que seja para comer um bolinho de chuva com café coado, para conversar com as pessoas, ouvir histórias, apreciar o artesanato e ter olhos para identificar ali preciosidades que às vezes escapam entre panos de pratos pintados. 

Mais informações: http://revelandosaopaulo.org.br/rv/

Algumas fotos: