segunda-feira, 31 de março de 2008

Virgulino e Maria


Não, a brincadeira não estava no saguão do teatro. Lá tem coisa mais chocante. Esta aqui foi em João Pessoa, Marcos e eu há dois anos. Ele, com cara de mau.
Depois do churrasco do Pedro, já meio livre da tosse, fomos ao teatro ver “Virgulino e Maria – Auto de Angicos", uma recriação dos últimos momentos supostamente vividos por Maria Bonita e Lampião, o casal mais famoso do Sertão. Texto do Marcos Barbosa e direção do Amir Haddad, com Marcos Palmeira e Adriana Esteves. Na derradeira madrugada os dois partem antes de acenderem a lenha para passar o café. Mas a história não gira em torno disto, é claro. É que este é um blog de comida e bebida, afinal. Aliás, tem mais. De todo mundo que esteve no teatro Tuca-Arena no sábado talvez só eu tenha recebido um tratamento tão VIP. Numa das duas crises de tosse que tive, saí pela porta onde se lia “saída”. Só que me deparei com um camarim, às moscas. Continuei lá tossindo e observando o espelho, as roupas, a comida beliscada às pressas, o adoçante aberto. E tossindo. Não havia ninguém. Quer dizer, havia, ouvi passos. Mas não apareceu para não me constranger, suponho. Quando terminei, saí, mas continuei meio por ali com medo de a tosse voltar. Não voltou, mas apareceu o homem grandão, fortão, com cara de mal, que ajudava no cenário. Pedi desculpas por ter entrado lá, disse que não o faria novamente, que não sabia e blá blá blá cochichado. Ele fez cara séria, disse que não podia mesmo, fez sinal com a mão para eu esperar e entrou no camarim. Pronto, vai trazer a polícia, lavrar o auto de flagrante. Dali a pouco vem o homem com um copinho com água, açúcar e delicadeza. Acho que desde a infância não tomava água com açúcar. Como estava sem mexer, no começo era uma aguinha adocicada. Mas à medida que foi chegando no final, a coisa foi melando de um jeito que foi difícil engolir. Só que estava muito emocionada e melancólica para rejeitar. E não é que a tosse passou?

A despeito de qualquer atrocidade que este casal de cangaceiro e seus cabras tenham cometido, a história de amor entre Lampião e Maria Bonita era linda. E os atores estão ótimos. Vale a pena. Mas se você está com tosse e acha que ela vai se segurar no teatro, não se engane. Aí que ela vem com tudo. Basta saber que não pode. Para saber mais sobre a peça e ainda assistir a uma canjinha pelo You Tube, veja aqui:

A peça está no Tucarena - PUC-SP

Rua Monte Alegre, 1024 – Perdizes, São Paulo
Tel. 3670-8455

3 comentários:

Odete disse...

Sei bem o que eh um ataque de tosse onde nao se pode. Uma vez no cimena assitindo Fellini...tive que sair com todos me olhando feio.
Que gentileza do grandao te dar agua com acucar. As vezes gestos como estes vem de onde menos se espera, nao eh!
bjs

Ana Canuto disse...

Oi Neide.
Você tem razão, a despeito de toda a matança sempre fica a história romântica do casal.

Minha avó cantava pra mim:
"Acorda Maria Bonita, levanta, vai fazer o café.
Que o dia já vem raiando e a polícia já está de pé.
Se eu soubesse que chorando, empatava sua viagem, meus zólhos eram dois rios que não te davam passagem.
Cabelos pretos anelados e zólhos castanhos delicados
Quem não ama a cor morena, morre cego e não vê nada."

Pra variar, deu saudade !!

Abração da Ana.

Anônimo disse...

ah Neide,eu e o marido temos uma foto dessas tirada no Museu de Torturas medievais na Alemanha,tu imaginas o que não é o cenário,quando tirei a foto tinha lá meus 20 e poucos, hoje não acharia graça em "posar" de torturada,cruzes! beijo prá ti..