sexta-feira, 16 de maio de 2008

Ma-tcha e o ritual do gesto


Na casa da Maria Helena Guimarães a gente é tratada a pão-de-ló. Vai lá entregar um trabalho e é recebida assim, com ma-tcha e docinho de pêra. Sentei-me à mesa e fui servida por mãos de dama que, num ato de atenção, simplicidade e generosidade, também preparou, ela própria, o chá verde em pó como deve ser - a água, à temperatura certa e os movimentos, precisos. Quase um ritual zen em que cada gesto fazia o sentido.

A água tem que estar a 80 graus numa proporção de 60 ml para dois gramas de pó, para uma porção individual. Para se chegar à temperatura certa, deve-se levar a água a ferver, passar para um tigelinha ou xícara de cerâmica para que a temperatura caia de 100 para 90 graus. Em seguida, para a água perder mais 10 graus e chegar ao ponto desejado, deve-se transferi-la para a xícara onde o chá será servido (tea bowl ou chawan, com uma altura específica e que eu desconheço). Agora é só colocar o pó e bater com uma vassourinha de bambu até a mistura espumar. Serve-se em seguida. Simples assim.
De um folheto trazido pela Maria Helena do Japão. A queda de temperatura a cada mudança de recipiente.
Maria Helena me serviu com cerimônia o chá verde e brilhante de aroma herbáceo acompanhado de um doce de pêra francês, que casou com o amargo adocicado do ma-tcha. Às vezes, mais que o que se come e o que se bebe, os gestos me comovem. Neste caso, ambos me alegraram.
O ma-tcha e equipamentos podem ser encontrados na Loja do Chá.
E o doce de pêra pode ser substituído por marmelada.

7 comentários:

Ana Canuto disse...

Nossa..que privilégio hein ?
Acho que é por isso que chamam de "cerimônia" do chá.
Interessante conhecer as tradições.

Fabrícia disse...

Um encanto.... realmente uma bela cerimônia.
Bjs.

Agdah disse...

Gente fina é outra coisa...

Neide Rigo disse...

Neide , não consegui postar meu comentário no seu blog..
Como funciona esta coisa de usuário quando voce não google?? Estou com saudades e vontade de comer pizz na casa da nina, chá na casa da lena.. e um dia ir nas reuniões do slow food..

Se você quiser postar, segue o comentário abaixo ( do fundo do coração)... beijo, sofia

Neide querida,
que delícia passear pelo seu blog.
Fazia muito tempo que eu não viajava por suas palavras. Deu um conforto tão gostoso! Eu ano meio desinteressada das comidas neste momento, mas adorei ler sobre todas as suas viagens pelo mundo dos sabores. Será que o blog vai virar livro um dia?
beijo carinhoso, Sofia Carvalhosa

Carolina Andrade disse...

Neide, seus últimos posts estão demais!! Essa sua vida é a que todas as amantes da boa cozinha pediram a Deus!! Grandes histórias com pessoas especiais! Muito legal, parabéns!! Agora cueca virada foi a melhor!! Grande Beijo!!

Anônimo disse...

só para corrigir, no melhor dos sentidos, "coquinho de guariroba". guariroba é um coqueiro e gabiroba é um arbusto baixo de fruto comestivel, muito apreciado. ambos sao do cerrado.

Neide Rigo disse...

Anônimo, obrigada pela correção. É isto mesmo. Guariroba ou gueroba é a palmeira que dá o coquinho. A Gabiroba é a frutinha parente da goiava.
Um abraço, n