segunda-feira, 3 de setembro de 2007

O fenômeno Melona

Eis a coisa verde
Sutilezas da globalização

Imagino que a melhor promoção para algo comestível seja contratar umas 30 pessoas de diferentes idades e dar a elas o produto para que comam simultaneamente disseminadas no meio de uma multidão, provocando um efeito cascata, por exemplo na rua Galvão Bueno ou no viaduto do Chá. A cor da embalagem deve ser verde-cheguei e por perto deve haver um quiosque da marca com outros 30 sujeitos afoitos fazendo fila para comprar o tal objeto de desejo que subitamente se tornou uma imperiosa necessidade de consumo, uma verdadeira alucinose coletiva. Pronto, sucesso na certa. Nada de espaço publicitário na TV, nas revistas. É só isto. Deve ter começado assim a campanha de marketing para aumentar o consumo do Melona. Ele estava lá há um bom tempo, era vendido no bairro da Liberdade como qualquer outra curiosidade oriental. Aposto que o fabricante coreano usou alguma artimanha. A própria vendedora me disse que não sabe porque, mas de repente, há uns 3 meses, o quiosque começou a não dar conta de atender às filas. Eu já o conhecia há um bom tempo e sequer tive vontade de experimentar. Mas agora não pude ignorá-lo. Todo mundo quer. Até nós, Marcos e eu, caímos na cilada. Se todo mundo está chupando, eu também quero, uai. Abordamos um casal para saber onde estava sendo vendido e morremos com R$ 3,50 cada. Logo também nos tornamos informantes. Várias pessoas queriam saber onde encontrar o incrível picolé do Hulk. A paisagem estava salpicada de verde. Os lixos da rua e das lojas, as sarjetas, as calçadas, tudo melona fluorescente. Ah, sim, como é a coisa? Para quem ainda não experimentou, veja se anima: a cor é verde artificial às custas de erioglaucina azul brilhante e amarelo tartrazina (pode provocar asma alérgica, é proibido na Áustria, Finlândia e Noruega); o sabor de melão é artificial, dado por essência, e a textura, claro, artificial - daquelas conseguidas à base de muita goma guar, carboximetilcelulose e outras gominhas mais. E é uma bobagem, um sabor infantil em forma de monolito radioativo. Agora o que me irrita mais é tentarem vender gato por lebre. Quando você lê o rótulo obrigatório, em português, fica feliz em saber que é feito com o puro xarope de melão. Mas se você é meio cético como eu e resolve arrancar na unha o adesivo da tradução e ler no original, vai procurar, procurar e nada de melon syrup. É gostosinho até, não mata ninguém, imagino, mas não me engane, que eu não gosto. De melão, não é não.
Evidências incontestáveis da febre verdolenga

O meu, enfiei aqui

15 comentários:

Sill disse...

Neide! Qdo é que vc vai me levar p fazer comprar na Liberdade??? DAí vou querer comer o picolé do Hulk!!! bj

Eli disse...

Neide sempre que vou a liberdade vejo os lixos cheios desses papeis mas não tive ainda vontade de experimentar, agora minha vontade é menor ainda. :)

Fer Guimaraes Rosa disse...

cruizcredo, isso tem gosto de nada! :-) bjs,

Ludmila Carvalho disse...

Neide, menina, me lembrei tanto de você hoje. Minutos, literalmente mi-nu-tos depois de ter lido esse post vou ao mercado e o que eu encontro, anunciado em grandes cartazes verde-radioativos? hauhauhuauahua, eu ri sozinha só me lembrando da sua descrição. A foto do pôster faz parecer que é apetitoso, mas graças a você sei que é pura enganação :-P

Beijos, Lud

Claudia Midori disse...

Adoro Melona!!!
http://sitecomidinhas.wordpress.com

Dárcio Vieira disse...

Eu comi o melona de melão. Eu gostei. Já tinha provado o de café expresso. Ainda não tive coragem de provar o de "doce de feijão". Haja alternatividade para provar esse último

Anônimo disse...

"Se todo mundo está chupando, eu também quero, uai.", tive que rir nessa parte, rss.

Rocket disse...

Yosh..
Me lembro eu, enlouquecidamente, correndo pela Galvão Bueno, até a budega mais próxima, atrás de uma melona antes de fechar o comércio...
sogoy no oishi...

Carol G disse...

Oi! Onde encontrar? Estou indo para SP esse final de semana e quero provar. É na Rua Galvão Bueno? :)

Se puder, me responde por e-mail.

Beijos!

Neide Rigo disse...

Oi, A Noiva, você se esqueceu de deixar seu email. Hoje você pode comprar Melona em vários pontos. Na Liberdade são vários os comércios que o vendem. No Conjunto Nacional, na Paulista, também já vi.
Um abraço, N

Alicia disse...

num tem nada de xarope de melão escrito na embalagem em português... tah escrito 'xarope de milho'... presta atenção antes de criticar um produto...

Andre disse...

Eu achei uma delícia, discordo com o blog.

Não tem nada parecido no mercado brasileiro. Mto melhor que essas porcarias de kibon e yopa. Se fosse ruim ou de qualidade ruim não estariam vendendo a rodo.

Unknown disse...

é ma-ra-vi-lho-so...
Só isso!!! Comentei com uma das vendedoras de uma loja de cosméticos, motivo que normalmente me leva à Liberdade... Se eu morasse ou trabalhasse por ali, eu iria rolar pelas ladeiras da Liberdade de tanto chupar o melona...

Paulo disse...

Esse sorvete existe no Brasil desde a década de 90. Mas só era comercializado em mercearias coreanas. Lembro-me de ter pagado 6 reais por uma melona em 1999!Como a colônia é pequena, muitas vezes os importadores não tinham interesse em importar em larga escala e muito menos em popularizar-la. Os próprios empresários coreanos eram reticentes em desafiar a lógica do preconceito brasileiro em relação aos produtos Made in Korea. Mas os novos empresários, jovens coreanos ou descendentes (muitos formados na USP, FGV) estão mudando o jogo. Melona é um exemplo disso. Foi a ousadia de um jovem empreendedor da colônia que começou a importar em larga escala e distribuir fora da colônia. Primeiro para outras colônias orientais (leia-se Liberdade)e agora aos poucos quer atingir o mercado nacional inteiro.

Thony disse...

Em Vista Alegre no Rio de Janeiro tambem já tem, realmente é muuuuuuuuuuiiiiiiiiiitoooooo gostoso, e não só o verde como tambem vários outros